quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O uso do creme dental por crianças


Por: Anna Borges Louzada* em: 22 de abril de 2010  Em http://portalamazonia.globo.com/pscript/artigos/artigo.php?idArtigo=1370



A primeira referência do creme dental data do século IV a.C., no antigo Egito; consistia em uma mistura de pimenta, sal, flores e folhas de menta. Até início do século XIX, usava-se a escova de dente apenas com água, mas logo misturas para limpeza dentária começaram a ser experimentadas, em sua maioria de fórmulas caseiras, constituídas de giz, tijolo pulverizado, carvão e sal.

O creme dental chegou ao Brasil em 1927, sendo o flúor incorporado no final da década de 70.

Na composição atual do creme dental há abrasivos para remover a placa bacteriana, agentes bactericidas, além de corantes e perfumes para o hálito, mas seu componente mais importante é o Flúor. 

Após comermos, determinadas bactérias em nossa boca alimentam-se dos resíduos que ficam nos dentes, produzindo ácidos que atacam o esmalte do dente, enfraquecendo-o com a perda de seus minerais (Desmineralização). O flúor é importante para promover a Remineralização desse esmalte.




Se a escova de dentes remove a placa bacteriana, mas não há flúor suficiente para remineralizar o esmalte, a chance de se formar a cárie é maior, pois se a desmineralização ocorre sempre que comemos, e nem sempre escovamos os dentes após comer, resulta um desequilíbrio entre o ataque ao esmalte e a proteção pelo flúor ao mesmo.
Mancha branca de Desmineralização


Alguns pediatras costumam receitar creme dental sem flúor, pois é comum crianças pequenas engolirem creme dental, o que pode causar fluorose (manchas nos dentes); entretanto, qual a ação do creme dental sem flúor, se esse elemento químico é tão importante para a proteção dos dentes contra as cáries?
Fluorose

Se os dentinhos não recebem flúor, como serão protegidos?

Segundo o Ministério da Saúde, “Dentifrícios com baixa concentração de fuoretos ou não fuoretados não são recomendados”.

Algumas mães dizem “Mas meu filho só mama no peito. Como pode ter cárie? Precisa usar flúor assim mesmo?” O leite do peito também contém açúcar, o que pode causar cárie, principalmente se os dentes não recebem flúor que os proteja.

Em crianças muito pequenas, ao nascer os primeiros dentinhos, o Odontopediatra pode receitar o flúor de uso tópico para aplicação no dente, na concentração certa para uso diário; a aplicação é facilmente feita pelos pais.

O flúor tópico para o bebê usar em casa é diferente do flúor usado por dentistas ou encontrado em creme dental; a concentração é própria para seu uso diário, sem risco de a criança engolir, pois será manipulado pelo adulto.
Seja flúor de uso tópico para passar nos dentes, ou creme dental com flúor para escovar os dentes, são os pais que devem manipular na boca da criança. Você não entrega o xarope na mão de sua criança e diz "Sirva-se de cinco ml!", não?!

A escova de dente desorganiza e remove a placa bacteriana que causa a cárie, e o flúor devolve os minerais que as bactérias retiram para enfraquecer o dente. Esse trabalho conjunto é essencial para a manutenção da saúde bucal da criança.

Anna Borges Louzada
Odontopediatra
CRO-AM 1192

Referência:1. Brasil. Ministério da Saúde. Guia de recomendações para o uso de fuoretos no Brasil – Brasília, 2009. (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

domingo, 26 de agosto de 2012

Por que meu filho chora no Dentista?


O choro é a primeira manifestação da criança: ela chora ao nascer, quando o ar penetra em seus pulmões, mudando bruscamente todo seu processo respiratório. Esse primeiro choro é esperado ansiosamente, nos primeiros segundos de vida da criança.

O choro forte da criança mostra que seus reflexos estão bem, o que significa um grande alívio para todos.

No decorrer dos primeiros meses de vida da criança, ela chorará por muitos motivos: fome, xixi, vacinas, cólicas, etc..

Os antigos diziam que chorar abre os pulmões, mas os pais modernos têm muita dificuldade de entender e conviver com o choro de seus filhos.

Nem sempre o choro significa sofrimento; devemos observar que há muita diferença entre o choro de um machucado e um choro de birra, por exemplo.

Quando a criança chora no consultório odontológico, muitos  pais não sabem o que fazer, e muitas vezes ficam confusos sobre se devem levar o tratamento adiante.

Devemos saber qual o motivo do choro da criança, primeiro, para poder avaliar a relação custo-benefício do tratamento odontológico.


Se a criança chora com medo, por já ter sido submetida a um tratamento difícil, devemos ter em mente que esse paciente precisa ter uma “reprogramação” para aceitar o tratamento dentário. O medo gera ansiedade que costuma ser traduzida em choro.

A ansiedade dos pais costuma influenciar a criança, assim como a segurança. Se a criança vê que os pais estão tranquilos, tende a ficar mais calma.

O choro mais difícil de conter é o choro da birra, quando a criança  quer fazer valer sua vontade, uma vez que ainda não tem entendimento suficiente para entender que o tratamento odontológico é benéfico para sua saúde.

Apesar das dificuldades que o choro da criança possa representar para os pais, o melhor a fazer, quando a relação custo-benefício mostra que o benefício da criança ter seu sorriso de volta custará algumas lágrimas, é deixar que o Odontopediatra use seus conhecimentos da Psicologia Infantil para direcionar o tratamento odontológico.