quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tiradentes não tinha twitter!

Joaquim José da Silva Xavier foi um mineiro que preferiu puxar carroças a entregar as riquezas do Brasil Colônia para seu invasor, Portugal.


A alcunha de Tiradentes devia-se ao ofício de minimizar as dores de dentes dos seus conterrâneos, pois na época não existia nenhuma faculdade de Medicina no Brasil, imagine então de Odontologia!

Após a tentativa de impedir o pagamento dos impostos para Portugal, frustrada pela traição de Silvério dos Reis, Tiradentes foi o único a “pagar o quinto”. Enquanto seus pares, muitos por serem possuidores de bens e/ou filhos de boas famílias, foram exilados, o Alferes foi enforcado e esquartejado em praça pública, ficando seus restos mortais expostos para que servisse de exemplo.

O Amazonas não tem um herói do porte de Tiradentes, e qualquer tentativa de mera semelhança, nos remeteria, no máximo, a um Silvério dos Reis.

Se o Silvério de outrora usasse os nossos recursos atuais, poderíamos dizer que o embate estaria equilibrado, pois já não existe a possibilidade da execução em praça publica, apesar do youtube. Porém, os tempos eram outros, onde qualquer pessoa poderia chegar e perguntar “É aqui que trabalha o Tiradentes?”, e aí, como ele não tinha twitter, enforcar o alferes!

terça-feira, 12 de abril de 2011

SE!


A menina de sete anos entrou no consultório da UBS aos gritos. Pedi que a mãe a colocasse na cadeira enquanto eu olhava o prontuário, que informava que a criança estava com anemia.

Como existem vários tipos de anemia, e a mais comum que vejo é a ferropriva (onde a criança não é alimentada corretamente), perguntei à mãe:
_ A sua filha se alimenta bem? O que ela come?
E a mãe:
_ Ela come bem, sim! Ela come hamburger, come iogurte.

aqui

A conversa seria difícil, vi logo. Mas como a menina estava com dor de dente, resolvi intervir, com a ajuda da mãe para conter a paciente, para poder anestesiar e realizar o tratamento que tiraria a dor da pequena.

Após concluir o procedimento, sempre com a criança aos berros e pinotando, fui explicar para a mãe a importância de uma boa alimentação para a saúde integral daquela criança (Sim! Eu faço isso também no serviço publico!), mas percebia que “entrava por um lado e saia pelo outro”. Tudo bem, por hoje. Pedi à mãe que marcasse a próxima consulta para a menina continuar o tratamento.

No outro dia, ao chegar ao Posto, quem eu encontro de primeira? A mãe, muito brava:
_ Olha o que a senhora fez na boca da minha filha! – mostrou a boca da criança – Eu vou processar a senhora!
A menina apresentava o lábio mordido, devido à anestesia, o que comumente acontece em crianças, por mais que expliquemos aos pais como evitar.

Novamente expliquei para a mãe porque aquilo acontecera, e tentei receitar um remédio para passar no locar, mas ela estava irredutível e não quis conversa comigo.

Como eu não conhecia essa mãe (foi a primeira vez que atendi a criança) resolvi esperar o processo. Também resolvi esperar que ela voltasse para continuar o tratamento, o que não ocorreu. Alguns funcionários no Posto me diziam que aquela mãe era maluca, e que eu não ligasse.
A vida continuou.

Um mês depois, chego ao Posto, e novamente encontro a mesma mãe:
_ Doutorinha (assim mesmo!), a senhora poderia me indicar um amigo seu, para colocar aparelho na minha filha? (a mesma menina que sequer fez o tratamento odontológico).

E eu, com a cara mais limpa do mundo:
_ Minha senhora, se eu tivesse que indicar, seria um inimigo, e nunca um amigo!