quinta-feira, 7 de julho de 2011

Tesão de mormaço

Caro Sr. Eugenio Santana,

Escrevo-lhe estas mal traçadas linhas, e não repare os senões, como diria José Ribamar Bessa Freire (conhece-o?!?) para tentar explicar-lhe os fenômenos que o senhor sofreu em Manaus, infelizmente sem o saber, o que é muito comum e compreensível quando se está mais por fora do que água de coco (não se diz aqui “bunda de índio”!) em Historia e Geografia do Brasil, antigas e atuais.

Pelo seu relato, minha mãe, uma senhora simples que ocupou por pouquíssimo tempo os bancos de escola (seu curriculum vitae resume-se em ter educado muito bem seus filhos), mas viajou pelo Brasil quase todo (e gostou e elogiou cada cidade que conheceu), diria que o senhor sofreu um fenômeno que o sol quente de Manaus causa ao esquentar a moleira do caboclo, a conhecida leseira baré; isso provavelmente teve complicações ao juntar-se ao bodó ticado que o senhor comeu (da próxima vez aceite o tambaqui, ou procure um restaurante de outra nacionalidade; Manaus tem muitos!).

Parece-me que essa combinação não fez-lhe muito bem, o que me leva a crer que o senhor não sofreu aquele outro fenômeno muito mais prazeroso de Manaus, o tesão de mormaço.

Quanto ao fato de amazonense não querer ser chamado de índio, muito provavelmente o senhor esbarrou em falsos amazonenses, desses que vêem de outras cidades para o Amazonas, onde conseguem trabalhos excelentes, que muitas vezes não conseguiriam em suas cidades de origem.

A miscigenação do povo brasileiro não pode ser observada apenas na cor da pele e/ou na região de origem; o Brasil sofreu muitas invasões, desde 1500, e os invasores encantavam-se com as índias, mas isso é História do Brasil, e nem todos gostam de falar apenas de si, como se fosse o mais importante.

Na questão de encontrar muitos torcedores do Flamengo, e não só desse time carioca (mania nossa de ser universal!), colabora o fato do nosso estado não ter uma boa política de incentivo ao esporte, o que, me parece, não é um problema local. Também não é o seu caso (suspeito), que deve torcer apenas pelo time do seu estado, com certeza, no que faz muito bem!

No mais, devo dizer que o senhor citou problemas não apenas locais, mas de todo o nosso querido território nacional, essa Pátria Amada Mãe gentil que, como toda mãe, abriga todos os filhos, sem distinção de educação e/ou bom senso.

Nossa terra e nosso povo são assim mesmo, hospitaleiros, calorosos, generosos, independente de títulos e/ou afetação de quem aqui chega.


Atenciosamente,
Anna Louzada
(uma amazonense não tão viajada como minha mãe, nem educada como o senhor).

"Se queres ser universal, fala da tua aldeia" Tolstoi

2 comentários:

  1. Perfeito, Anna!! o cara quer falar mal, tudo bem, mas pô precisa ofender assim? Até parece que é só em Manaus que há estes problemas.
    Duvido que se eu for à Goiânia, não gostar de lá e escrever como ele, quantos filhos do estado iriam reclamar? todos! e do país todo!
    Até porque, como vc bem lembrou: Manaus, como a maioria das capitais, acolhe gente de todo o Brasil, e é isso mesmo que nos faz únicos!
    Excelente texto! Parabéns! Sempre estarei por aqui, a partir de hoje!

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  2. Tesão de mormaço este senhor obviamente não sofreu aqui em Manaus. E olha que não difícil ter tesão com tanta cabocla bonita por aqui. A não ser que os costumes em Goiânia sejam outros. Sei lá, de repente andar com calça atochada dividindo e espremendo os os ovos deve fazer mal.
    Quanto ao fato dele ter sido escravizado em um simples parque de diversões já se demonstra que ou é por pura leseira, ou por dinheiro. Se for por leseira, podemos dizer que ele se tornou um pouco manauara, o sol deve ter-lhe queimado um pouco a moleira. Se foi por dinheiro então que não reclame. Pegue se rico dinheirinho e suma de mansinho. Se não gostou daqui e nem da gente, fique onde está. Quem quer conforto não sai de casa.

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